sábado, 4 de junho de 2011

O recheio da polenta

Por Talita Mazzola


Colocar a água pra ferver e acrescentar sal e manteiga. Assim que iniciar a fervura basta acrescentar a mistura pronta de polenta e, então, é só mexer sem parar. Fácil, não?! Pois é, essa é uma das opções de almoço de muitos estudantes. Porém essa facilidade não é a essência da vida deles. Passar horas na escola e ainda ter que estudar em casa para retomar a matéria diária, além de memorizar tudo para aquela prova terrível de matemática chega a dar arrepios. Agora imagine você ser um estudante universitário. Grande parte dos que estudam em universidades particulares trabalha muito para conseguir pagar a mensalidade do curso. Depois de um dia cansativo de trabalho, das aulas intermináveis e das inúmeras tarefas e provas que eles precisam realizar, o mínimo esperado é um transporte confortável e tranquilo para ir e voltar da faculdade. Claro que isso é pedir demais!


Mesmo após passar horas exercitando a mente o corpo nos mais diversos trabalhos que – como universitários “duros” tendo que pagar, além da faculdade, o aluguel, gás, luz e alimentação – eles ainda precisam enfrentar ônibus cheios com gente amontoada em pé e nos bancos. Imagine só no inverno, onde as janelas se mantêm fechadas por conta do frio, com todo mundo tossindo e espirrando. Nojento, no mínimo, mas real.  O pior é a volta. O ônibus parece ainda menor, pois acolhe também aqueles que vieram de carona e agora precisam voltar de coletivo.

No caso de Ijuí, os ônibus do transporte público são “carinhosamente” chamados de ‘polentões’ por serem amarelos. Sendo assim, é impossível não comparar os inúmeros acadêmicos amontoados nos ônibus com o recheio de carne moída, da polenta que minha avó fazia. A situação de transporte público enfrentado pelos universitários é complicada, mas necessária tendo vista que o custo de um carro ou moto acaba saindo totalmente do orçamento. Mas como esperança de universitário é a última que morre, ainda acreditamos que melhores condições sejam oferecidas para os alunos que utilizam esse meio de locomoção.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Poema do amigo aprendiz

Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...
Fernando Pessoa

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Devaneios de 3 minutos

Eu sou o errado o torto e o que não se deve ser.
Eu sou confusão, indecisão e contradição.
Eu sou fogo, água e gelo.
Sou um vulcão em erupção e um mar calmo.
Sou ondas gigantes, ventania e tempestade.
Sou o certo, o belo e o feio.
Sou sangue, sou dor e sorrisos.
Eu sou nada e por isso mesmo TUDO.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Trazer contigo medos é normal, mas que graça teria se não arriscássemos.
Os risos não teriam graça, as aventuras não seriam aventuras o céu talvez sequer fosse azul.
Sentir é fundamental, intensidade é indispensável. Viver requer riscos, viver requer que você abra mão se alguns medos e encare outros.
Talvez deixando de lado o que te prende as incertas, tu possas descobrir dentro daqueles olhos que te olharam numa noite quente e divertida e nas voltas daquelas curvas que tu viu dançar um novo caminho, um caminho que te abra um novo mundo de possibilidades.
Dizem que a felicidade é o caminho, não é?! Eu, se fosse você, arriscaria dar o primeiro passo.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Se eu morer antes de você

Aos meus amigos. Obrigada por tudo. Amo vocês!

Se eu morrer antes de você, faça-me um favor:
Chore o quanto quiser, mas não brigue comigo.
Se não quiser chorar, não chore;
Se não conseguir chorar, não se preocupe;
Se tiver vontade de rir, ria;
Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão;
Se me elogiarem demais, corrija o exagero.
Se me criticarem demais, defenda-me;
Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam;
Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo...
E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase:
-"Foi meu amigo, acreditou em mim e sempre me quis por perto!"
Aí, então derrame uma lágrima.
Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal.
Outros amigos farão isso no meu lugar.
Gostaria de dizer para você que viva como quem sabe que vai morrer um dia, e que morra como quem soube viver direito.
Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo.
Mas, se eu morrer antes de você, acho que não vou estranhar o céu.
"Ser seu amigo, já é um pedaço dele..."

Chico Xavier.
De mim, em mim para mim. Eu em vocês, para sempre! 
Talita Mazzola

domingo, 20 de março de 2011

Coisas especiais

Eu soube o momento exato de me afastar, mesmo assim eu fiquei ali parada, apenas observado.
Pensei comigo: “sou mais forte que isso e esse sentimento é normal, logo passa, vou me divertir”.
Eu realmente me diverti! Foram meses encantadores.
Cada palavra, cada som, cada toque, cada contato...
...ah o contato!
Sempre foi como respirar desejo e transpirar liberdade.
Muito mais que uma química entre dois corpos, era a fusão de duas almas.
O cheiro, a voz, o olhar...
Mesmo assim eu ignorei. Não ouvi a razão que alertava que era melhor eu me afastar;
Que era melhor cada um ter um caminho.
Eu acreditava que aquilo não me afetava, que a diversão era apenas diversão.
O problema é quando isso acaba envolvendo os ditos sentimentos.
Ahhh esses que nos desnorteiam, nos deixam sem rumo e confusos com nossas próprias concepções.
Então me pergunto, eu poderia ter evitado? Sim!
Mas eu queria? Não!
Eu faria exatamente igual, pois cada segundo teve um momento mágico.
Coisas especiais a gente guarda pra sempre!

quinta-feira, 10 de março de 2011

Superfície de Contato

Ela olhava dentro de seus olhos e sua pele ardia.
A distância era considerável entre os corpos, mas a química era absurdamente forte.
Cada movimento era percebido. O olhar disfarçado, a língua molhando os lábios secos, os dentes mordendo o canto dos lábios nervosos.
Ela podia observar tudo e notar o quanto estivera afastada do mundo.
Estivera perdida em seus objetivos que havia esquecido de olhar para as coisas que estavam a sua volta.
Ele lhe mostrou isso.
Muitas vezes sem nem ao menos sair do lugar onde estavam lhe mostrava coisas das quais ela preferia não ver enquanto focava seu destino em outra direção.
O sol e o frio lhe faziam lembrar-se dos domingos de julho, passados embaixo do cobertor, conversando sobre tudo e descobrindo um mundo de novas possibilidades em cada curva do seu corpo.
A lembrança dos braços fortes a segurando, da forma como a beijava e olhava a faziam arrepiar.
Então ela lembrava que ainda estava sentada há alguns metros de distância, apenas observando...
... Mas ela sabia que bastava um toque e então a transmissão aconteceria e o fogo correria líquido por suas veias.
Era a sua superfície de contato.